Mena


Trago-te no peito.

És dor
de quem sofre
no silêncio de uma terra
esquecida,
perdida
(e ainda assim)
amada.

És esquecimento,
invisível,
transparente
num país cheio de cores.

Olhei-te nos olhos,
húmidos de vergonha,
grande era a vontade de caíres
no esquecimento,
de permaneceres aí,
onde mora 
o vazio.

Mas, 
fizeste morada cá dentro.

O meu coração foi abrigo.
O meu coração é abrigo.

Habitas aqui.
Lembrar-te é sentir tanto.
A vergonha.
A surpresa.
O choque.
O ímpeto de agir.
Fizemos causa comum.
Partilhei de mim,
como um livro
que tu folheaste 
mesmo sem saberes ler.

O teu coração foi abrigo.
E no meu,
memórias.
Ávidas de fazer diferente,
de mudar,
de agir.

Nunca mais te vi,
Nunca mais te verei.
A distância habita em nós. 
E o amor,
esse, 
fica para sempre.




Comentários

  1. Podes sempre voltar a vê-la, nem que seja por uma foto pedida às irmãs que ainda lá estão, não por muito mais tempo... E depois ainda que não te "tivesse sabido ler " o que de algum modo duvido, pelo corpo, era uma menina crescida. E podem não saber ler nos livros, mas nos olhos da gente, sabem-no melhor que ninguém, ainda que a maior parte das vezes, nisso, se façam' ignorantes'. Mas pode sempre saber ler umas linhas que lhe envies.

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