Mena
Trago-te no peito. És dor de quem sofre no silêncio de uma terra esquecida, perdida (e ainda assim) amada. És esquecimento, invisível, transparente num país cheio de cores. Olhei-te nos olhos, húmidos de vergonha, grande era a vontade de caíres no esquecimento, de permaneceres aí, onde mora o vazio. Mas, fizeste morada cá dentro. O meu coração foi abrigo. O meu coração é abrigo. Habitas aqui. Lembrar-te é sentir tanto. A vergonha. A surpresa. O choque. O ímpeto de agir. Fizemos causa comum. Partilhei de mim, como um livro que tu folheaste mesmo sem saberes ler. O teu coração foi abrigo. E no meu, memórias. Ávidas de fazer diferente, de mudar, de agir. Nunca mais te vi, Nunca mais te verei. A distância habita em nós. E o amor, esse, fica para sempre.