Foi a missão que me mudou...

"E há uma voz interior, por baixo dessa, a ditar pensamentos e a anotar tudo isso. Nesse preciso momento, fica claro que mudámos enquanto pessoa. Foi a viagem que nos mudou." José Luís Peixoto


Há um texto do José Luís Peixoto de que gosto muito (outro, bem sei! Sou muito fã das suas crónicas e livros...). Fala de uma viagem, uma viagem que nos transforma. Já o li muitas vezes, dezenas de vezes mesmo! Principalmente sempre que algum período ou alguma viagem me marcou bastante. Vem-me sempre à memória as suas palavras. Quando fiz erasmus foi uma delas. Porque transformou. Agora, depois de regressar de um mês em missão em Moçambique não há como não voltar a ir buscar "O Vagabundo regressa a casa". Este vagabundo, que volta, que aterra sem perceber bem que o mundo cá continuou. Tudo continuou, ele é que saiu... É isso que sinto. Todo o mundo continuou bem, o 'meu' mundo cá, eu em Moçambique. Esta minha definição de 'meu mundo' já nem me faz sentido. O meu mundo é o Mundo inteiro, as pessoas todas, as que gosto, as que não gosto, as que conheço, aquelas que nunca ouvi falar! Sou do mundo todo e o mundo todo é meu também.
E quando se aterra, de volta a casa, percebe-se que só o corpo é que veio, há um tempo preci(o)so para que o coração também aterre, também regresse. Não é só o vagabundo, é o seu coração também. E esse é, sem dúvida, o mais difícil de regressar. Não que não queira voltar. Mas porque algo de muito bom o cativou noutro lugar. Passa-se isso comigo, passa-se isso com o vagabundo. O coração demora tempo a aterrar e a voltar ao seu eixo de funcionamento. Não consigo dizer que já cá estou em plenitude. Não estou. Talvez nunca volte a estar, como estava antes. Mas isso foi a viagem que me mudou. E parafraseando (e alterando) este escritor que tanto admiro, mudei enquanto pessoa. Foi a missão que me mudou. Foi Deus que me mudou.




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